O que se diz, não é o mais importante, Mas e mais importante, como se diz E em que o tom faz a música... A presunção de dizer não é única, Quer sejas mestre, ou aprendiz, Um superior letrado, ou ignorante!... Mede bem as palavras, as afirmações E cada gesto, como se fossem canções, Medindo bem a pontuação, Ao que não percas a razão, Pondo as vírgulas onde pertencem, Os pontos que as conversas merecem, Sem esqueceres as exclamações, A que não surjam severas interrogações!... Cada conversa tem dois pontos, Sequências, num ponto e vírgula, Assim, não faças rol dos tontos, Tão-pouco te pronuncies à fula E confronta aquilo que vais dizer, Ensaliva o mais singelo conteúdo, Mastiga e degusta, tomando a prova de tudo, Para que não te venhas a arrepender!...
Qualquer um deste dias, pintarei o cabelo, Sendo da mesma cor daquela que já tem, Pois que outra nuance não quero sequer sabê-lo, Quanto mais mudar aquilo que me parece bem... Quando assim o fizer, será pintado de grisalho, Seguindo as tendências do tempo que o pintou, Aquela suave cor do passar dos anos e nos quais me espalho, Sabendo que nada é infinito, no infinito que passou... Mandarei inventar o mais grisalho das cores, Tendo que contratar os mais ilustres alquimistas E cujos entendam o meu tempo e sabores... A meu lado, no estúdio, estarão os melhores artistas, Plásticos, inventores e malabaristas, Aqueles que saberão pintar o que tenho em vistas!...
Com a boca beijo e me faço entender, Exprimo o restante, cujo corpo não diz, Alivio dúvidas e sempre que as houver, Fazendo-me conselheiro de minha raiz...
Abro os lábios, em solene movimento, Lanço um sorriso diferente, num beijar, Aquele que me devolves, no momento E que nossos lábios se não ousam separar...
Depois fecho-os, enviando esse tal beijo, Aquele que se parece perder na distância E sempre que te afastas, sem qual desejo...
Olhando atrás e inconformada despedida, Nos desígnios do destino e na resistência, Cujo tempo alcance tal cura desta ferida...