Não sei quem sou, nem o que aqui faço, Só sei que pela intensa escuridão me estendo, Com a noite confraternizo, pois não durmo, Me confesso, até que em sonhos adormeço E em pensamentos vãos me consumo, Tentando entender o que não entendo!... Sonho e compartilho utopias, pela noite fora, Tentando entender quem me não entende, Sem querer saber do tempo, ou da hora, Pois que nunca foi corrente, cuja me prende!... Estendo-me nesta minha solidão, Tentando decifrar as vozes que nunca me entenderão, Ao que a madrugada me dá resposta, Como manta, que me cobre e o meu intelecto gosta... Não me interessa quem na noite sou, Só sei que pelas sombras do vosso dia não vou!...
Debruço-me sobre um pontão de confusão E não importando se contente, ou se triste, Perguntando-me se o mundo ainda existe, Ou se tal não passa de uma quanta ilusão?!...
Como um peculiar pescador, lanço a cana, À linha de ponta armadilhei o melhor isco, Querendo fazer pescaria, por conta e risco... Esperando não ser pesca de algum sacana!
Desta minha varanda, avisto batidas águas, Cujas vão e vêm, sopradas de tempestades, Oscilando mentiras e verdades em metades...
Mas trazem rumores, pelo meio de tréguas, Naquilo que as ondas tanto tentam vender, Cuja maioria compra, sem sequer aprender!...
Um dia, abraçarei as nuvens, Seguirei o rasto das estrelas, Irei presentear-me com o Sol, Da chuva saciarei minha sede, Cavalgando sonhos de vento, Fazendo cujo desejo me pede, Em abandono ao que lamento... Receberei respostas a dúvidas E esquecerei todas as sequelas, Fazendo das nuvens um lençol, Sob qual dormirei descansado, Nas mais brancas e não reféns, Longínquas e soberbas alturas, Que me seguirão a todo o lado E a quais partilharei meu fado, De um percurso tal terminado...