As aves esvoaçam e seguem distâncias, O tempo pára, enquanto as horas seguem E somam-se, àquelas que nunca pararam, Correndo fugazes e sem olhar a ignorâncias... Os pássaros batem as asas e nada temem, Pois são divinamente livres e sonham... Idilizam, um dia, alcançarem os objectivos, Neste mundo e de seus singelos motivos, Sabendo que a vida é não andarem perdidos... E assim seguem, voando e descontraídos!... Pessoas, sentadas, simplesmente morrem, Aquecem a pedra na qual se sentam E juntam dores àquelas que alimentam, Enchendo o fosso de que tanto sofrem!... As asas sobem e descem, oscilando no firmamento, Transportando-nos com elas, Seguindo-as nesse soberbo alinhamento E curando-nos de quantas mazelas... Como é belo o Universo, tal berço em desperdício, Cujo homem tão maltrata, A si próprio se mata, Em tal loucura e do pior hospício!... Estudo quantos bicos me indagam, Me olham e fogem de mim, Nada precisando que mais digam... Pois, o bicho humano é mesmo assim, Maldoso, terrível e destruidor, Pelo que peço perdão, lavando a minha dor!... Sinto o bater, a brisa das suas asas, Enquanto, em câmara lenta, se afastam, Nas mais ternas acrobacias e tão rasas, Que, na sua liberdade, as invejo e me testam... Assim partem, enquanto as suas asas me dizem adeus... Talvez, no seu regresso, ainda cá esteja... e sabe Deus!