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FILHO DE QUALQUER AGONIA...

Terra em agonia.jpg


FILHO DE QUALQUER AGONIA...

Sou filho da Mãe Natureza,
Pelo Sol trazido ao mundo,
Neto de uma qualquer explosão,
Navegando em mar profundo,
Não sabendo se em tal certeza...
Os rios, são as minhas veias,
Correndo-me o corpo, como teias,
Numa pele, de tanto um lamaçal,
Enquanto os ossos o granito,
Sustentando este altar,
Muito quedo, mas demais aflito!...
Os meus braços, são as árvores,
Bem direitinhos ao azul celeste,
Um tanto feitos de cadáveres,
Desfalecendo numa Terra agreste!...
Os troncos são minhas pernas,
Já nem tanto agarradas à terra,
Sentindo saudades das cavernas
E fugindo a tanta guerra...
Sou filho de um mundo e aborto,
Chorando, pela pior razão,
Cada qual no seu conforto
E tudo tentando alcançar,
Tendo sede e bebendo água com sal!...
Choro, por tanta ignorância
E num mundo a morrer de fome,
Preso a quanta relutância,
Dormindo neste Universo que não dorme!...
Sou filho de quem está a morrer,
Cada vez mais a sofrer,
Perguntando o que será de nós, – já não de mim! –,
Quando o que resta chegar ao fim?!...

Manuel Nunes Francisco ©®
      - Imagem da net -
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.

CURVAS PERFEITAS

Curvas perfeitas II.jpg

 

CURVAS PERFEITAS

Podem pensar que são tretas,
Mas, tanto assim, não são!...
Perguntem aos entendidos,
Se não preferem as curvas,
Sendo essas que dão tesão,
Mesmo que em condições turvas,
Por entre algumas mais rectas
E quantos momentos aguerridos?...
Nem os carecas se atrapalham,
Com as mais perfeitas e moldadas,
Cujas, de tão bem onduladas,
Os levam a entrar pelo meio,
Num emocionante devaneio
E sem pensarem se se espalham!...
Se quaisquer dúvidas houver,
Perguntem a quem souber
E que há muito tempo monte...
Motas e modelo que tal espante!...
As curvas são as mais preferidas,
Sendo as que melhor gozo dão,
De vez em quando bem estendidas
E sem entrar em contramão!...

Manuel Nunes Francisco ©®
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.

FILHOS DA MADRUGADA

Filhos da madrugada.jpg


FILHOS DA MADRUGADA

Somos filhos da madrugada,
Na mais perdida cavalgada
E sendo equídeos cavalgados,
Por terra de desaventurados...

Temos arreios em demasia,
Dão-nos rações de quanta azia,
Põem-nos o freio nos dentes,
Estacando, suados e contentes!...

Somos filhos de aurora triste,
Numa neblina que tão persiste,
Em aguaceiros de alquimia...

Dessa madrugada somos filhos,
Por tal presente e tais cadilhos,
Da bruma, cuja ilusão imprimia!...

Manuel Nunes Francisco ©®
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.

RETRATO DE PORTUGAL - GUERRA JUNQUEIRO

Guerra Junqueiro.jpg

Retrato de Portugal, por Guerra Junqueiro há 125 anos, mas duma actualidade aterradora
Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. [...]
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.
Guerra Junqueiro, in 'Pátria (1896)'

ESTA ROCHA E MEU BANCO

Esta rocha e meu banco.jpg


ESTA ROCHA E MEU BANCO

Sobre a minha rocha me sento,
Pensando em tudo ao redor,
Entrando por algum tormento
E espantado com quanta dor...

Pessoas que passam e olham,
Sem entenderem o meu silêncio
E poucos sendo que escolham,
Tal condição por início...

E afogados em tantos prantos,
Num escuro e sem qual tocha,
Cuja os ilumine no seu grito!...

Questiono o que será de tantos,
Que nunca se sentam na rocha,
Mas sendo piores que granito!...

Manuel Nunes Francisco ©®
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DEIXEM CANTAR ESTE POVO

Deixem cantar este povo.jpg


DEIXEM CANTAR ESTE POVO

Deixem cantar este povo, que tão bem canta,
Que tristezas nunca pagaram dívidas
E quem canta seu mal espanta,
Talvez por lutas não merecidas...

Deixem expandir seus encantos,
Em letras expressivas deste canto
E por sons de quantos instrumentos,
Que nos semeiam quanto encanto...

Deixem falar, todo este genuíno povo,
Cantar, pular e bailar, tentando esquecer o fado,
Num fado que é sempre novo...

Deixem dizer tudo o que sentem,
Levando o cantar para todo o lado
E esquecendo tudo o que lamentem!...

Manuel Nunes Francisco ©®
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MANIFESTA LIBERDADE...

Manifesta liberdade....jpg


MANIFESTA LIBERDADE...

Gritem, povo, essa liberdade,
Pois não passa de uma ilusão,
Algo já de uma tanta saudade,
Nesta sociedade sem decisão!...

Desfilem, pois, num à vontade,
Com corruptos e de mão dada,
Numa postura que vos invade,
Sem algum respeito por nada!...

Vos enganam, a cada segundo,
Em promessas que nada valem,
Dizendo-se santos pelo mundo...

Dizendo dar, no que vos levam,
Nada fazendo a que vos salvem...
Assim, gritem, quantos se calam!...

Manuel Nunes Francisco ©®
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RESPEITO DA LIBERDADE...

Liberdade... II.jpg

RESPEITO DA LIBERDADE...

Nesse teu clamor à liberdade,
Respeita a liberdade dos outros,
Não mergulhes na leviandade,
Naquilo que outra mente espreita
E mandamentos vindos de castros,
Caminhos de Esquerda, ou Direita...
Procura o teu pensamento,
Genuíno, puro e quão peculiar,
Para que não hajam arrepios,
Por doutrinas de ensinamento,
Correntes de pressão, a saltitar,
Cujas correm, poluídas águas de rios!...
Na tua suposta liberdade de ocasião,
Olha quem a tal tem direito,
Não confundas conceito e decisão,
Pela única ideia que tens feito!...
Liberdade, é frescura, em dividida razão,
Sendo tanto tua, como minha e universal,
Não a ouses adquirir, se não sabes ceder,
Sendo estigma de pouco saber,
Doutrina feita por trilhos de arrogância,
De um qualquer, sem a menor significância...
Liberdade, seja de quem, é direito de opinião,
Nos mesmos direitos e de tanto igual!...

Manuel Nunes Francisco ©®
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TEMPO QUE TEMOS

Tempo que temos.jpg

TEMPO QUE TEMOS

Gosto de dar tempo,
Ao tempo que o tempo tem!...
Sem olhar ao contratempo,
Do tempo que por aí vem!...

Contra o tempo corremos,
Pelo tempo perseguidos,
Sem saber quando paramos,
Fazendo-nos desentendidos...

E o tempo corre, esperando,
Para que o possamos alcançar
E, de tão cansados, o abraçar...

E lá chegamos, transpirando,
Enquanto o tempo esperou,
Por quem nunca o alcançou!...

Manuel Nunes Francisco ©®
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BASTA, JÁ CHEGA!...

Lusíadas - Luís Vaz de Camões.jpg

BASTA, JÁ CHEGA!...

Venham, a mim, espadas afiadas de um passado
E montadas em garanhões, pelos vastos campos,
Erguidas bem ao alto, neste terreno conquistado,
Numa bravura daqueles heróis de outros tempos!...

Corra-me, pelas veias, aquele rubro sangue luso,
Pelas paisagens e num mais lindo olhar do norte,
Do agreste das Beiras, assim me deixando difuso,
Ou do Alentejo, cujo anseio para a minha morte!...

Ou mais para sul e pesquisando um outro mundo,
Correndo o meu olhar ao longo do mar profundo,
Naquelas rotas de aventureiros que deram hinos!...

Que venham a mim, quem tanta bravura me nega,
Pois que gritarei e bem alto, BASTA, pois já CHEGA!...
Ai, a quem apagar história, cuja obra dobram sinos!...

Manuel Nunes Francisco ©®
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