Deitados, longe de tudo, Em cama do Paraíso, Onde o silêncio é mais mudo, Iremos perder o pouco siso... Nuns momentos mais sábios, Pra num futuro não esquecer, Travemos uma luta de lábios E deixa que seja eu a vencer... Deixa-me surpreender, Sendo fonte de quimeras, Numa bica sempre a verter... Saciemos esta nossa sede, Feitos duas perfeitas feras, Na savana que tal nos pede...
Não tenho pena daquilo que fiz, Mas tanta do que não consegui... Sem arrependimento ao que disse, Antes e simplesmente o contrário!... Sem qualquer pena do passado, Mas pena de não ir além do futuro... Pena de não ter tido melhores asas, Mesmo que certa gente se risse E nas lindas cores de mariposas!... Pena de não ouvir o que alguém diz, Mas orgulho no pouco que ergui, Não me ter escondido num armário, No decorrer da vida, desenrascado E nunca ter parado frente ao muro!... De pouco, ou nada, tenho pena, Salvo nunca ter gritado mais alto, Ter sido glorioso gladiador de arena, Num melhor sabor do rescaldo... Pena de nunca ter feito melhor salto, Nesta corrida de célere saldo!... Tenho pena de pena não ter tido, Daqueles que nunca pena mereceram... Sequer pena a não me terem dobrado E qualquer que o cenário tenha sido, Naquilo que tanto me espremeram E altivez de quem nunca enxovalhado!... Tenho pena, no meio de tantas penas, Que por entre tanta arrogante acidez, Tais ácidos me sejam aromas a açucenas, Na minha pena... e essa falta de lucidez!...