VENDEDOR DE SONHOS
VENDEDOR DE SONHOS
Sim, eu sei, o quanto gostariam que fosse,
Mais um vendedor de sonhos,
Só que nasci demasiado rebelde
E nem sempre acordo do mesmo lado!...
Essa gripe é tal, que não me desperta tosse
E os sonhos, esses são tamanhos,
Mas bem longe desse molde
E por esgrimas de outro fado!...
Cada momento me dá razão,
No espírito do momento
E que nem sempre é o mesmo,
Por muito que me seja causa!...
Cada segundo subscreve a ocasião,
Impondo o pensamento
E nunca que seja a esmo,
Tão-pouco que numa pausa!...
Não serei vendedor de quimeras,
Muito menos criador,
Hoje serei um romântico
E amanhã algo que seja!...
Pra semana o rei das feras,
Já que ontem sonhador,
Mas não sigam o meu cântico,
Que em tal bolo não sou cereja!...
E se algum dia me derreto,
Já no seguinte espanto o gado,
Torno-me azedo de repente,
Dando coices como besta!...
Vivo de um momento secreto
E ficando o caldo entornado,
Quando menos se espera e sente,
Em rimas de outra festa!...
Eu sei, aquilo que esperam de mim,
Mas tenho um feitio de merda,
Tanto sou um pêra doce,
Como péssimo corno de cabra!...
Mas orgulho-me de ser assim,
Da direita para a esquerda,
Não deixando que ninguém me coce,
Tampouco que a mente me abra!...
Porém, vendo quantas fantasias,
Por toda a tenda que monto,
Sendo um fabricante honesto,
De tudo aquilo que vendo!...
Mas não sustento azias,
Por pensamentos de qualquer tonto,
Nem enfio o cabresto,
Para além daquilo que entendo!...
Manuel Nunes Francisco ©®
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