Homem, que é homem, serpenteia, Mas nunca se desvia... Alguém morreu com a menção ao pescoço, Por tal inscrição e não por esboço!...
António Carvalho Monteiro, tal figura, Quinta da Regaleira, que ainda perdura, Num passar de anos e recordações, Mítica mansão de filosofia e emoções!...
Mentor de uma época por excelência, Homem e cujo seu tempo enaltecia, Por mais que formado nas razões...
Por conseguinte, vero filantropo, Senhor de vasta ciência e do tempo, Omitido no espaço e nas menções!...
Não existe passado, presente, nem futuro, Existe, simplesmente, o momento!... Um pretérito, no qual aprendi, Este presente, repleto de interrogações E um desconhecido, por demais duro... Um percurso de advento, Pelo qual certa vez me prendi, Feito de promessas e contracções!...
Quanto ao passado, nesse me perdi, Caminhadas e trilhos de poeira, Merenda no bolso e sacola às costas, Ensebadas botas de tropeções... Tombos, sem a que me rendi, Questionando a mais vasta asneira, Quantas das vezes sem respostas E deslumbrando este momento de razões!...
Esse passado ficou muito lá para trás, Alimentou-me a vida que sonhei, Horas sem sono e de reflexões, Suores frios, gravados nos lençóis... Haja, no momento, algo que me dás, Pinceladas de paz, por cujo desenhei, Espadas que cortaram desilusões E se afiaram em outros sóis...
Em cintilantes e soberbos raios de luz, Forças que me acompanham noite e dia, Me alimentam, como se divina iguaria, Em manjares de deuses e palácios... Farol, que na penumbra me conduz, Indicando-me a chama que assim ardia, Fora de portas e prisão que já não queria, Por demais sonhos de futuro e meus rácios!...
Nesta amálgama de tempos me debruço, Como, sofregamente, o que me servem, Saboreio o quanto oferecem de possível, Ou no mais que soberbos os condimentos, Cozinhados, tanto num sorriso, ou soluço E longe de conjugações que tal se elevem, Por algum tempo e cujo me foi discutível... O momento, esse é fervura dos momentos!
Chamei-te e nem sequer olhaste, Fazendo que não me reconheceste... Seguiste, no teu caminho, Muito de mansinho, Levando-me atrás de ti, Sem questionar porque por aí parti!... Olhámo-nos, seguindo cada qual pra seu lado, Na promessa oculta do oculto esperado, Algo que ambos tão bem conhecemos E pelo que um dia nos encontraremos... Sorriste-me, na malícia do ainda não chegado, Pois que o caminho estava trocado E que à hora certa me encontrarias, Faltando ainda anos, quanto mais dias!... E lá seguimos, no nosso destino, Ambos em desatino, Eu nos encontros da vida E tu na busca de quem já a tinha por perdida... Alguém a quem te passas por amada, E, para teu prazer, atendeu a chamada!... Eu na minha, por enquanto, sorte E tu fazendo jus do teu nome... solene morte!
Encosto em qualquer berma E bebo do silêncio envolvente, Do chilrear dos pássaros, Da aragem fresca, em carícias... Saboreio o aroma da terra E da imensidão do verde, Das flores que ainda resistem. Recolho um imagem, A que seja recordada, Num futuro em que nada exista, No evidente e não por vidente... As sobras serão os fumos de guerra, As balas, os colapsos da bolsa, Os corpos esfomeados e misérias, Das promessas que nos mentem E sonhos que nos sairão caros, Utopias, não passando de miragem!... Sigo esta minha estrada, Pelos campos rasgada, Ou em tanto sinuosa e falsa, Mas de uma paz abençoada, Por quanto a vista avista, Porém numa reflexão tanto enferma... E fervendo-me as artérias, Mas desfrutando as ainda delícias... Um colorido do céu, em final da tarde, Num imenso de nuvens que restam E encenado espectáculo que mostram!... O mundo é ainda belo!... Oiçam o seu derradeiro apelo!...
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Puta, não é aquela que ama E por puta de quem a chama, Mas aquela que parece séria, Não passando duma galdéria, Enrolada de dia, até às tantas, Pelo meio de quantas mantas… Essa sim, é a maior das putas, De quantas, das mais astutas... Olham, desejam o que vêem E por desejo que lhes dêem!… Separem as putas e amantes, As vendidas e as escaldantes... Por esta noite, nossa parceira, Sê amante, puta a tal maneira!