Interrogo-me nesses quanto me odeiam, Gostariam de escarrar e cuspir, em cima?!... Na dor de corno, cotovelo, que semeiam, Não são palavra a poema de ilustre rima!... Se pensam ser melhor néctar que tal uva, Espremam-se bem, a que não darão gota, Por filoxera... Tirem o cavalinho da chuva!... Não sou similar praga, cujo tempo esgota! Nalguma irritada tentativa e qual colheita, Nem olham a ferramentas para me podar, Esquecendo quanta própria feroz maleita... Questiono tanto desconhecer dos factos, Quantos reles argumentos e em nada dar... Não mais que espinhos de viçosos cactos!...
Sou um explorador, por princípio e natureza, Vasculho, espeto o pau por todos os buracos... Interessa-me desvendar a certeza, Mesmo algo a que outros chamam de cacos!... Espeto o dito e remexo, dou volta às papas, Pela cabeça de tantos iluminados E só encontro merda, disfarçada sob negras capas, Ideias fixas, senhores de arrogância e chanfrados!... Tais asnos sagrados, espaço negro dos burros, Zurram, como se de megafone, mas coitados!... Doutores de lição barata, ouvem-se os sussurros, Sempre que ficam entalados!... São os esclarecidos, arautos de uma nação, Mas perdida!... Pobre trilho, cujo lhe foi destinado!... E ai de quem os enfrente!... São doutores da razão!... Pelo que espeto o saber, fundo, bem avançado, Pesquiso e sinto náuseas, vontade de vomitar, Em tanta merda que encontro e toda sem solução!... Revoltam-se-me as tripas, numa força de gritar, Mandar à fossa, tantos doutores de putrefacção!... Em tanta trampa encontrada e meu mero parecer, Declaro o mestrado a tais senhores... Tanto mais que se devem saciar, à colher, Numa ementa de merda, saboreada por doutores!...
Não vejas os outros, vendo-te num reflexo!... A ti, tu conheces-te, mas não quem mais vês, Por mais que perfeito o desenho e complexo... Tudo o que os demais são, é aquilo que crês, Para além de toda essa tua correcta imagem E não quanto demais deixam nessa miragem!...
Deixa-te de tão adocicada e mísera cegueira, Porquanto o mundo nada mais é, desse real, Cada qual puxando numa sua mais vil maneira... Acorda, tanto que não nasceste para serviçal!... Sei e reconheço, todo o teu honesto conselho, Crendo serem todos teu aventurado espelho!...
Mas, a realidade e por mais que nos seja dor, É tanto injusta, pelas mais pisadas do inferno E, naquilo que tanto acreditamos, o tal amor, Nada mais diz, a que lenha a arder no Inverno... Ardendo até ao final, acabando em noite fria, Regelando esse teu corpo, até severa agonia!...
Tudo, à nossa volta, não mais é que reflexos, Ilusões, crenças, desilusões, demasiado mais E confuso, fazendo parte dos nossos desejos, A quantos esquecidos e transeuntes animais... Mas os passos marcam o trajecto da verdade, Ao que, tanto tu, seja eu, sejamos a vontade!...
São tantas as feras, essa praga de lobos, Que não há presas cujas lhes subsistam!... Tal fome é desmesurada e enraivecida, Presas à mostra, moral tão enegrecida!... Já não há corpos nobres e que resistam, Sendo demais os tropeções e tombos!... Quantas mais as feras, mais os cordeiros, Num redil, obedientes e quanto crentes, Que dói!... Dói e revolta, essa ignorância, Em tamanha pasmaceira e subserviência, Carregando fardos, cheios de obediência, Ladrando, mas lambendo sua excelência, Levando, às costas, a carga, doces fretes, Felizes e contentes, meigos, tão serenos... Mal empregado tempo em ditas revoltas, Para que, agora, se trilhem outras voltas!... Deixem-me rir, cuspindo nessa vossa cara E que já qualquer outra coisa não merece, Tão-pouco o travesseiro em que adormece!... As feras, essas multiplicam-se, sorridentes, São lobos esfomeados, por grandes festas, Numa adormecida sociedade, que não pára, Aceleradamente, engordando de contentes, Comendo as papas no topo de vazias testas!... Quando acordarem, roam os próprios ossos, Pois que nada mais restará por este pântano, Em árido, poeirento deserto e vazios bolsos, Alimentando os espertos e crânio mais sano!... Os "lupus" andam às claras de quantos cegos... Sentem-se à sua mesa, deixem-se adormecer, Comam os restos cuspidos, sustentando egos, Voltem-lhes o cu e, serenos, sintam o prazer!...
Vidas... Estas verdades e sensações Informo, que o anúncio do meu trabalho, sairá na Revista do Diário de Notícias, no dia 5 de Setembro. Votos de um dia feliz.
Foram-se os líderes, os guerreiros E restando a escumalha partidária!... Partiram os resistentes e obreiros, Ficando aqueles de linha ordinária!... Álvaro Cunhal, foi um de quantos, Freitas do Amaral, ou Sá Carneiro, Tal como Soares e outros de tantos, Incógnitos e de sangue no terreiro!... Quantas voltas terão dado na terra, Nos túmulos, que heróis guardando, De confrontos e ideais dessa guerra E que outros as glórias vão selando!... Negoceiam-se festas, nada importa, Interessando jogadas de bastidores, Que para tais mestres será a derrota E numa terrível farsa de impostores!... O povo, esse é composto de carneiros, Em trilhos poeirentos e para a morte... Encabrestados, em fila e tão ordeiros, Perdidos, completamente sem norte!... Foram lutas, com sentido, na desilusão, Em gritos de prata e adornados de oiro, Tempo e sangue derramado, qual razão E que hoje vendidos por qualquer coiro!... Ah, pátria dormente e de gente vendida, Cujos caminhos nos levam a precipícios, De mente adormecida e quanto vencida E de qual passado não sobram resquícios!... É de importância que a festa siga avante E se dê o dito por não dito, noutra altura, Pois que o povo é sereno e tanto garante... E não importa quantos irão pra sepultura!