Falam-me de Deus, enquanto falo de pena de morte!... Triste e miserável gente, entregue a um reles norte, A tais melodias, enquanto o triste fado não bate à porta, Agarrada ao egoísmo e se não me toca, pouco me importa!...
Quantas crianças, outras Valentinas, esperarão a sua sorte, Com tais energúmenos à sua volta, merecidos ao garrote, Numa sociedade de criminosos e demais apoiantes, Gente escondida, com medo e nalgum divino tão crentes!?...
Revolta-me todas estas bocas, comendo merda às garfadas, Engolindo e tentando vender os Dez Mandamentos... Pragas, cobras, crocodilos em lágrimas sem sentimentos!
Quem sois vós, puritanos e mentes demasiado malvadas, Que entregam a justiça a incompetentes e ao vosso deus, Enquanto crianças sofrem e morrem, à mão de tais réus?...
Vamos seguindo, por este corredor da morte, Cada qual contornando a sua sorte... Há sempre uns quantos empertigados, Senhores da inteligência e narizes arrebitados!...
Esses maiores desertores, os fundamentalistas, Repletos de hipocrisia, pelas mais vastas listas, Tais iluminados nos conhecimentos e ciência, Mas navegando por oceanos de ignorância!...
E lá vão seguindo, dobrados à subserviência, Apontando dedos a quem já não tem paciência, Nem tão-pouco tempo para mais comentários!...
Por mim, levem caminho, sem me darem palpites, Pois já sou ferro velho e não suporto mais rebites, Nem disposto a nova tinta, ou reparos ordinários!...
Por esta e repetida noite de insónia, Sigo uma mais viagem de divergência, Procurando quais percursos de glória, Banhando-me por rios de consciência... Percorro montes, vales, sobre pontes E ouvindo tantas ribeiras que correm, Fazendo delas as mais precisas fontes, Sem acordar as ondinas que dormem... E ficando parado, observando, inerte, Interpretando tal sussurro das águas, Nalgum silêncio e cujo me desperte... Um outro silêncio de certas mágoas!... E escuto tais despertares nocturnos, Corujas, mochos, bufos, que falando, Noctívagos prazeres, sons taciturnos, Por toda a noite me vão embalando... Com a viagem no fim, já madrugada, Solto esses sonhos e por tão cansados, Deitando-me e sem pensar em nada... São quimeras e que a mim atrelados!