Cada vez me sinto um tanto bruto, Intelectualmente falando, é claro!... E nem sei se estou a ficar estúpido, Ou se, de tal, me andando fazendo! Olho ao redor e questionando tudo, Calado, pois que nada e tal discuto... Já não percebo as gentes que vejo, As mais ridículas e inócuas atitudes, Havendo quem tudo faz em cortejo, Simplesmente de nada entendendo, Num vazio, ao que os olho e reparo, Incrédulo, inerte, senão estupefacto, Às mais de tão esquecidas virtudes E receio de cometer paralelo acto!... Bruto, assim me entendo e declaro, Observo tal mundo, enquanto paro, Sentindo aquele tal nó no estômago E como se ingerido veneno amargo!... Vou-me contagiando de brutalidade, Assim me moldam, em tal igualdade!
Serei aquela sombra que caminhou, Aquele calmo e dócil lobo solitário, Serei o tempo que já passou, Numa afronta do diário... Serei a vida de quem se enganou, Verso do mais controverso fadário, Quem convicções não abandonou E em vez alguma salafrário... Serei tudo, indomável filho da puta, Amigo de quem chamei de amigo, Estúpido e sempre pronto à luta, Sem qualquer medo do que digo... Serei figueira-brava em terra devoluta, De galhos ressequidos e feita abrigo, Folha pisada, voz que ninguém escuta, Mas nunca caminho que não sigo... Serei trajecto quanto delineado, De algum atlas exposto ao vento E quantas vezes abandonado, Mas numa liberdade que sustento... Serei ave de qual céu sobrevoado, Pelas tais bebedeiras de azul, Em voos e num futuro recordado, Por correntes de Norte a Sul... Talvez que meros ossos esquecidos, Por quaisquer areias de deserto, Sem nome e deveras aquecidos, Com um onírico oásis por perto... Terei sido odiado e amaldiçoado, Qual ossada tanto dura de roer, Nunca qualquer vassalo e comprado, Serei eu, –orgulhosamente!–, até morrer!...
Questões, quem e por acaso, as não tem?!... Uns questionam-se só porque não sabem, Outros, – pior ainda!–, porque não sabem nada, Ou não sabem porque tanto se questionam!... Semelhantes questões todos nós temos, Umas questionando porque nos arrependemos E aquelas em que nem o questionamos. Todas as questões têm uma resposta E que na maioria recusamos aceitar, Aquelas que tememos e ninguém gosta, Ou que nos podem sintomatizar!... Ai, –um tanto pior!–, quando tal não nos agrada!... Aí, voltamos as costas e sem dizer ao que andamos... São assuntos que nunca nos interessam!... E questionamos, somente por questionar, Pois que a resposta pouco irá interessar!... Questões valem bocejos e pouco mais são E tal acutilante piar fica para os pardais... Pois os silêncios das respostas são fulcrais E que se foda qualquer que seja a razão!... Questões, respostas, esse perverso casamento, Nada importa e caindo pelo esquecimento!... As questões, –na existência!–, mantenho eu, Enquanto as dúvidas se vão multiplicando, Cada qual dando resposta a quanto seu E nada de relevante mais confrontando... Somos reino sem qualquer roque nem rei E soberanos sem vestígios de um reinado E, por razoável resposta, tanto mais não sei... Sabendo que vivo num reino condenado!... E respondo, –a quantos não se questionam!–, Vivam, nessa pachorra, mas não me fodam!?...