SENHORES DA GUERRA II
SENHORES DA GUERRA II
Limpam-se quantos rostos,
Disfarçando-se as lágrimas,
Enquanto se ouvem estrondos
E se rebentam as almas!...
Festejam-se mais uns milhões,
Em regalados e faustosos banquetes,
Contam-se os muitos cifrões,
Acompanhados de trompetes...
Riem-se uns quantos odres,
Fazendo danças desencontradas,
Nunca pensando nos podres
E das bombas demais lançadas!...
Lançam galhofas de escárnio,
Enquanto comentam o vulgo
E é sempre assim, no diário,
Não sendo eu que tal julgo;
Sabe-se o cair de nova bomba,
Bem longe dos seus palacetes,
Onde segue a festa de arromba,
Com trompas e quantos foguetes...
E chafurdam, comem que nem javardos,
Limpam as beiças uns nos outros,
Trocando de chaves e tão bêbados,
Misturando-se por entre quartos,
Rindo, disfarçando algum grunhir,
Por tais porcos que tanto são
E é vê-los, dias que se hão-de seguir,
Discursar em promessas de ilusão...
E chamando-nos de asnos chapados,
Naquilo que tão merecemos,
Gostando de ser enganados,
Dando o rabo e na mão que lambemos!...
Os estampidos, esses, continuam,
Das bombas que vão rebentando
E os dias passam, mas não mudam...
Os festins seguem, na dor de quem vai morrendo!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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