AQUELE DISTANTE NATAL
AQUELE DISTANTE NATAL
Era a época de um distante Natal,
Como tantos outros e trivial…
Eu, adolescente, nunca o conheci,
Mas lembro-me de ouvir contar:
Que era o pretinho da escola,
Pele diferente e mate aveludado,
Sem mala para os lápis e cadernos,
Usufruindo de remendada sacola...
E lembrou-se de ir para a estrada,
Com um colega, outro e tão menino,
Aquela desditosa bola desfrutar
E por tal infelicidade do destino,
Sem mais desenvolvido futuro…
E interrogavam-se quem seriam as crianças?...
Foi uma criança branca, –respondiam!–, coitada,
A vida foi-lhe curta e o destino duro!...
Mas eram duas!... E quanto à outra?
Ah, essa, a outra?!… era um escurinho!
Hoje e que tal drama não esqueci,
Vasculhando por entre lembranças,
Indago quantas teriam sido as lágrimas,
Por esse triste menino, malfadado
E ofereço-lhe a tardia, mas melhor das prendas
E no melhor de afamada montra,
Nestes tantos e adormecidos anos...
Coitado, desse desventurado negrinho!...
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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