Sabes, eu estou bem!... E tu, será que o estás também?! ... Eu não serei a melhor pessoa, Mas não aquele que te perdoa! Serei difícil de perceber, Ou tu não me saberás entender, Mas isso pouco me importa... Não sou eu que te bato à porta! Navego nas minhas convicções, Por vezes sem fomentadas razões, Mas são melhor que nada... São a minha virtude, a tal espada E que corta sempre a direito, Possivelmente não a teu jeito, Mas alma que me bate no peito E nunca... nunca, com preconceito! Sabes, nessa tua falta de respeito E para o lado que melhor me deito, Nenhum trilho te é formoso, Por pedras e lama, demais duvidoso... Mas é o teu escolhido caminho, Bastando que me deixes seguir, sozinho, Todo este meu percurso escolhido, Ao invés de ti, que andas perdido! Não me discutas em demasia, Nalgum rancor e putrefacta azia, Nem cuspas para o ar, em sofrimento, Só porque não aceitas qual pensamento... Também eu terei a minha razão, Quer queiras, ou não, estender a mão. Sabes, enquanto uns se fazem de duros, Outros e há muito, que são maduros... E por essa encruzilhada divergimos Ao que, pelo qual, outros pontos seguimos! Mas não necessitas de te rebaixar... Por mim, só oiço as rodas do tempo, a chiar Aguardando a resposta que me vier a dar E que me ajuda o momento a passar!...
Vento!... Ventos, que falam esperança, Numa certa vontade de bonança, Mas varrendo tudo o que sopram E dança das folhas que sobram... Vento, que vence a poeira do caminho, Levando tudo a eito, ou de mansinho... Vento, indiscreto, que levanta a saia, À aventureira donzela da praia. Vento, que penteia os mais belos cabelos, Que ondula a crina dos cavalos, Soltos, na frescura dos prados E, pelas águas que trazes, regados... Que refresca os rostos que contorna, Que acaricia aquele corpo que adorna, Se mostra atrevido e irrequieto E o sinfónico silvo é de seu predilecto. Ah, vento e que tanto já tardavas, Prisioneiro da torre onde moravas, Lá no alto do infinito e que agora desces, Transportando a água que nos ofereces!... Vento... e que não equaciona a desgraça, Quantas e demais cenas sem graça, Mas, por tal chuva tocada, será razão, Naquilo que vier a ser pão! Vento, que uiva e sem ser lobo, Que é orquestra por todo o globo, Cura, de quem já não saiba sorrir E de quantos o queiram ouvir... Águas santas, em terras enfermas, Nos ventos, que encorajam almas E que nos são bons prenúncios... Melódicos tons, ao longo dos rios! Ventos e águas, em tardes calmas, Que no meu corpo me são chamas, Em simbiótico acerto e ternas danças E que à janela me são lembranças...
Eu entendo que tenhas esse estatuto, De melhor actor, escritor, ou de fadista, Engenheiro, pintor, ou célebre pianista, Historiador... eu sei lá de quantos mais, Quer seja por mereceres, ou por astuto, Mas não necessitas de o ostentar demais, De abrires as penas do rabo, feito pavão, Tornando a tua imagem num parvalhão! Não te coloques acima de outro alguém, Pois que cada tem uma pedra no sapato E sem justificação como esta lá foi parar E que, ao certo, não passas de ninguém... Não mostres, no pódio, essa ignorância, Mas sapiência, a quanto daquilo que és, Torna-te fio condutor por tal referência E para que, um dia, não sofras um revés. Eu percebo, a que queiras dar nas vistas, Mas estruturas palacetes sem cobertura, Ventilados e expostos às nuvens brancas E esquecendo que tais são de pouca dura... Sê responsável e, acima de tudo, sensato, Medindo os teus pensamentos e no falar, Recolhe essas soberbas e coloridas penas, Nem espalhes todo esse estridente som, A que, às vezes, as vozes mais pequenas, São as que mais se ouvem, a melhor tom!...
Ao início da tarde, partimos os dois... O que iremos fazer, veremos depois, Tanto é a ânsia de certa parte incerta E de conhecer lugares, que desperta!
Calmos e serenos, como dois loucos, Seguimos por aí e feitos de broncos, Mãos dadas, sem nada mais importar, Por essas estradas e ao que nos levar...
Dançamos e por sons que despertam, Olhando à volta, em montes coloridos, Para que demais males se esqueçam.
Pelas curvas e quanto atrás do cerro, Deixamo-nos embalar, tão decididos, Nesta carne e tu... tal cavalo de ferro!