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RECORDAÇÕES QUE FICARAM

Recordações que ficaram II.jpg

RECORDAÇÕES QUE FICARAM

Olhas o monte, em denúncias de outras vidas,
Percorrendo todo um passado...
Lá ao fundo, o ribeiro, das brincadeiras proibidas,
Em que tudo eram sonhos, sob sol amado.
Eram pedras e pedrinhas, que reinavam,
Debaixo de risos e buscas de um sentimento,
Formas, que ao corpo se adornavam
E que nunca passaram ao esquecimento.
Era o tempo das descobertas,
Do desabrochar para quanta vida,
Pelas águas, ou sombras e encobertas
E que nunca foram uma despedida...
Pelo contrário, ainda hoje sendo lembrança,
Tais quimeras, que sempre te acompanharam,
Como brinquedos, nas mãos de qual criança
E que nunca mais te abandonaram.
Vens à rua e olhas o infinito,
Esse espaço, que ainda hoje tentas ver,
No meio de uma lágrima, ou de um grito,
Mas que tanto e ainda mais, te dá prazer...
Nalguma força e que tanto te abraça,
Como alimento mítico e espiritual,
Rodeado de quanto a tua alma traça
E que noutra pessoa não seria igual.
Olhas as árvores que te rodeiam,
Lembrando as vezes que nelas te baloiçaste,
Naquele baloiço de corda, que te deram
E que por toda a vida te lembraste...
E ainda ouves o chilrear dos pássaros,
Tal como fazias, por esses teus recantos
E que ainda fogem aos teus reparos,
Ou te escutam, por entre os teus prantos.
Sentas-te, deslumbrando o vento que sopra
E esquecendo remoinhos de má sorte,
Numa fresca brisa, que ao corpo se dobra
E te volta a fazer sonhar, ainda mais forte...
No mais profundo desse monte
E escutando alguns cães que ladram,
Rebanhos, balindo, em direcção à fonte,
Ou os sinos da igreja e que dobram.

( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.

 

SILÊNCIOS QUE FALAM

Papoila do campo.jpg

SILÊNCIOS QUE FALAM

No teu olhar e deitada, calada,
Por entre um sorriso escondido,
Dizes-me tudo, sem dizeres nada...
Agradeces o que deixas, ao partir,
Neste corpo que já foi teu
E eu, mesmo sem sorrir,
Num profundo despedir,
Digo-te, sem falar, que nada foi perdido
E que levas o que fica meu...
Todo o nosso campo a florir,
Amor, gratidão e mais não sei,
Talvez um pouco do que nunca te dei!
... São silêncios, que falam,
Entre quem fica e os que abalam!

( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.

LIMITES DO TEMPO

Limites do tempo.jpg

LIMITES DO TEMPO

O tempo passa... passa-nos ao lado
E sem que o queiramos admitir!...
Passa, como líquido volátil que arde,
Sem pena de quem irá sucumbir,
Veloz e galopante,
Sendo cada momento um instante,
Num risonho, ou triste fado
E não há nada que o retarde.
O tempo é-nos fugaz
E prova-nos do quanto é capaz,
De mansinho, astuto e glorioso,
Provando tal arte de manhoso!
O tempo passa, recolhendo quem parte,
Numa angústia de quem fica...
É monumento que se lhes edifica,
Nesse momento de suprema arte!
Só parte quem se esquece...
Parte a matéria, mas fica a alma
E de quem mais a enobrece,
Pesando que parta em onírica calma!
O tempo passa, porquanto o acompanhamos...
E tudo, nesse espaço, tem o seu limite,
Qual relógio sem corda, no seu silêncio,
Tal destino que não se omite,
De toda uma vida de prefácio...
E quem parte, que não o esqueçamos,
Ao que a vida e morte são igual sentido
E quem parte não nos quererá vencido!...


( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.

 

PASTOR DOS MONTES HERMÍNIOS

Pastor dos Montes Hermínios.png

PASTOR DOS MONTES HERMÍNIOS

Adormeço... e desperto na serrania,
Serra da Estrela, Montes Hermínios,
Pelas milenares terras de Viriato,
Perdido nos seus ilustres desígnios
E neste meu encontro imediato...
Vejo-me cercado de invasores,
Por estradas feitas e de corredores,
Para que mais fácil a ocupação!
Pelas beiras, altas e baixas, vejo agonia,
Por quanto Norte a Sul desta nação,
Um povo luso, adormecido no espaço,
Num tempo e em que se perdeu
E a que nunca mais se encontrou,
Por caminhos que tanto percorreu,
Noutros que sonhou e se aventurou;
Rosas num jardim e pão no regaço,
Brotadas nesta terra de cansaço
E milagre, por quanto embaraço,
De ilustre história, que não esqueço
E emergentes espinhos, que não mereço...
Oiço a marcha de quem avança
E guerreiros especados, sem esperança,
Num campo de batalha cinzento,
A comando de chefes de pança,
Saboreando cada momento
E como nunca houve lembrança.
Ouvem-se gritos, num faz-de-conta,
Enquanto o inimigo as tendas monta,
Sabendo que vai ficar...
E Viriato, sangue luso, de tão traído,
Neste cerco de desilusão,
Grita a fúria de lutar,
No meio de quanta confusão
E não se dando por vencido...
Mas as hostes são de argila,
Escorregadias e fáceis de moldar,
Colocando-se na melhor fila
E prontas pra debandar!...
Tal pastor, escolheu mal as ovelhas,
Que nem mereceram o pasto,
Sonhou muito, olhando as estrelas
E sobre um país que ficou de rasto...
Não sei se acorde, ou se siga o pesadelo,
Se escute Viriato, chorando tal flagelo!...

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.

 

CANSADO, SIMPLESMENTE!

Cansado, simplesmente! (1).jpgCANSADO, SIMPLESMENTE!

Estou cansado!... Cansado desta sociedade hipócrita,
Por quanto comodismo em que se deleitam...
Tão cansado, que não me defino pela escrita,
No nojo que me metem, à pocilga a que se deitam!
Sinto-me, cada vez mais, sem quaisquer forças,
Que me levem a seguir em frente,
Curvado, neste peso, remoendo-me as norças
E num esforço para que não rebente!...
Sinto-me cansado, desiludido e sem protecção,
Neste mundo, podre e sem sentido,
Em que quantos se vangloriam, na putrefacção
E em que tudo e todos, são do mais corrompido.
Sinto-me maltratado, despojado por vala comum,
Como se um mero monte de carne e ossos,
Sem nada merecer e sequer valor algum
E em que os vencedores são vermes gloriosos...
Encontro-me espezinhado, posto à margem da estrada,
Cuspido, pontapeado pelas mais severas biqueiras,
Atacado por quantos reles e não valendo nada,
Mas que tão aplaudidos pelas mais incrédulas baboseiras.
Sinto-me, simplesmente, atraiçoado,
Por esta tão vil e vergonhosa sociedade,
Que segue em frente, no pior de um triste fado
E que teima em não entender a verdade!...
Sinto-me, a cada minuto que passa, insignificante,
Sozinho e questionando-me se não estarei errado,
Pelo que falsas palavras de um inteligente ignorante,
Valem quantas verdadeiras de quem mais acertado.
Sinto-me o carroceiro da mais servil carroça,
Seguindo em frente, enquanto os cães ladram,
Por palavras de quem pensam fazer-me troça,
Mas que, por desprezíveis, nada sabem do que falam...
E o tempo vai passando, neste meu sentir,
Em que justiça será feita, pelo decorrer da história,
Pois que ao julgamento do tempo não há que fugir,
A não ser para aqueles que se perdem na memória
E eu já cá não estarei para ver,
Por quanta mágoa que me dói no presente,
Tendo pena de quantos cá ficam para sofrer,
Culpando o passado e toda a sociedade envolvente!...

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
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CORES DO UNIVERSO

Cores do Universo.jpg

CORES DO UNIVERSO

 

Nesta paleta de cores,
Duma passadeira do Universo,
Há quem contemple o celeste,
Quem dê pincelada de verde...
Uns que pintam de branco,
Outros que preferem negro
E sempre no adverso...
Uns cuja conversa já fede
E o pensamento não mede,
No traço, o intenso das flores,
Sentados por qualquer banco,
Bem pintado de preto,
Que é repouso do inferno,
Num jardim demais incerto,
Por caminhos que são logro,
Destinos de qual deserto,
Há sorte que lhe deste
E que por tristeza me meto,
Ao que tanto temos certo,
Neste rumo tão inconcreto,
Não importa quem o herde...
Pintam misturas do mais terno,
Em desmentidos de encanto!
Com tamanhas pinceladas,
Neste estúdio sujo e macabro,
Ficarão cores mal-amadas,
De uma exposição que abro...
Quadros pintados de cinzas,
Encostados por cavaletes,
Tais obras que nos repetes
E de tantas que nos vendas...
Haverá sempre comprador,
Para quanto vendedor,
Em que a arte é ser astuto
E tantos com o estatuto...
É essa a grande arte
E quem cá fique não importa,
Mas o quanto entra à porta,
Na ganância de quem parte...
São o colorido que nos vendem,
Por entre o negro, que desmentem,
Nos interesses que defendem
E que os idiotas não entendem,
Embalados no melhor canto!...
Surgem casebres, favelas acrescidas,
Por encostas e qualquer sítio,
Por quantas florestas abatidas,
Como se em estado de sitio...
E em cores de luto se pinta a luta,
Em manchas de tons enegrecidos,
Nos mais diversos quadros coloridos
E esborratados por filhos da puta,
Rotulados, ou meras figuras de barro,
Pintadas, na sua volta ao quarteirão,
Nunca a pé, sempre de carro,
Para fazer um figurão...
E enquanto outros, pinceis retorcidos,
Fixam tais cenários descoloridos!...

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
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DESAFIOS DO TEMPO

Desafios do tempo (2).jpgDESAFIOS DO TEMPO

 

O tempo... esse faz-se a caminhar,
Mesmo quando não anda, nem desanda
E nós especados, nalgum olhar,
Entre esta margem e a outra banda...
Em simulada inércia, o tempo engana-nos,
Passa-nos as mais diversas rasteiras
E pelo quanto nos iludimos,
Por tantas travessas matreiras.
Pensamos que tudo alcançamos,
Correndo mais que o tempo dado
E é nisso que nos enganamos,
Tampouco correndo ao lado...
Vamos ficando para trás,
Enquanto ele sempre a correr,
E nos passos curtos que dás,
Nem te vai reconhecer;
Mas teimas e dando passos largos,
Mais compridos que as pernas,
Metes-te por charcos e lagos,
Em choros, afogado nas tuas penas...
Não sendo o tempo que te engana,
Mas o tempo que tentas enganar
E que, por cada dia, ou semana,
Quase não paras pra respirar...
Mas o tempo vai-te apanhar,
Enquanto corres para o alcançar
E não o vais conseguir parar,
Porquanto te fica a contemplar!...

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
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