VIDAS DE PASSAGEM
Por quanto árdua que seja, Ou de ócio que tanto for, Que seja algo que se veja, Por tal humildade e amor...
Seja simples, ou de fama, Seja arte moldada a fogo, Que crepite, como chama, Ardente, em quanto jogo.
Toda a vida é passageira, Apanhada numa esquina, Tombos de tal bebedeira...
Que acorda numa ressaca, Quanto falsa, ou genuína E cenas do Auto da Barca.
( Manuel Nunes Francisco ©® ) ( Imagem da net ) Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.
DOR DE CORNO
Dói, cria tantas ansiedades, Dor de cotovelo, de corno, Não entender as verdades, Em provas de tanto adorno...
Dói, todos sabemos quanto!... Dói, sem uma forma de fugir E agarrando-nos ao espanto, Numa fórmula de nos iludir.
Dói, não aceitando a razão, Mesmo que sabendo quão Toda a verdade nos escapa...
Aceitando o que pensamos E a nós próprios aldrabamos, Enfiando-nos na nossa capa.
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TRAMBALAZANAS
Ah, povo trambalazanas, Diz-se que vê e tão cego, Sobreviventes ratazanas, Navegando como prego!...
Tristeza de navegadores E que já foram caravelas, Agora aguentando dores, De dentadas nas canelas...
Velas de pobres aragens, Navegantes a barlavento, Retidos às suas miragens...
Navios, proa ao rochedo, Navegando a mau vento E reféns de quanto medo.
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MARÉS VIVAS
Chega a maré E estende-se pela praia, Não precisa de toalha, Vai à frente E marcha a ré, Enrola-se em areia de cambraia, Como papel de mortalha, Saboreando todo o quente E servindo-se das águas que bailam, Carpetes de espuma que dançam, Repetidas vezes, feitas perdidas, Para a frente e para trás... Ondas que rebentam, de prazer, Sem mais saberem que fazer E sem se darem por vencidas, Mesmo quando marcha-atrás. Chegam marés e que espantam, Nessa sua dança de palco, Que em malícia nos convidam E observadas de qual socalco... Vem, –vem!–, dança comigo, Escuta-me, naquilo que digo, Deixa mostrar o que consigo, Vem fazer-te meu amigo, Salta e dá-me os teus braços, Seguindo uma dança que traces, Recebe os meus beijos e abraços, Por quanto carinho e enlaces!... E por tamanha tentação, Quantos se lançam a ela, Entregando-lhe o coração E quantos mais não regressam, Cavalgando, a toda a sela, Por ondas que os enlaçam... E eis que a maré termina a dança, Partindo, na melhor esperança!
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ENCERRO OS OLHOS
Encerro os olhos e sigo na escuridão, Tentando encontrar qualquer razão, Que me abra portas a outro mundo, Afastado deste e que tanto imundo...
Percorro ruelas, caminhos estreitos, Pântanos, de tantos lagos desfeitos, Ditas sólidas areias, mas movediças, Como tais crentes, ou ditas noviças.
Dou mecha ao que resta numa luz, Nesta escuridão e que nada produz, Mas abençoada por quem nada vê...
Abro a visão e grito raios e coriscos, Na forte vontade de quantos riscos, Na merda e gente que nela se revê.
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POLÍTICOS
Os políticos, são o que são E nada mais do que valem, A verdadeira assombração E falsos, sempre que falem...
Aves raras, fora do ninho, Egoístas, tal como o cuco, Sem vergonha no focinho E com o discurso caduco.
São tubarões de boa arte, Bem vestidos no disfarce, Comendo tudo ao alcance...
Levam tudo, pra seu farte, À vergonha que lhes falta, Protegidos na igual malta.
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ESCRITA DE CAMÕES
Que viva, Vaz de Camões, Tanto o escritor da sua língua, Quem não anda aos trambolhões, Por qual escrita de míngua!... Que se enterrem os acordos, Tais cavadelas ortográficas, Que os heróis se façam surdos, A quantas sátiras gráficas!... Que se glorifique o poeta, a escrita, Que conhecimentos deu ao mundo E que jamais seja restrita!... E que tal gramática nos conduza, Por quanto orgulho profundo E nenhuma outra nos seduza!...
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