São investidas, de vai e vem, pelas praias, Roladas ao longo das tão extensas areias, Agradecidas ondas, doces lágrimas de rio, Quantas incertezas, amores de desconfio. Desfazem-se e enrolam-se, por tristezas, Quantas outras de imensuráveis alegrias, Quão oscilantes temperaturas e rendidas Aos quantos, como elas, depois vencidas. Mesmo que nunca vistas ao que querias, Nem deixando o estatuto de matreiras, Contornam corpos seminus, ou despidos, No encanto e outros tantos ressequidos, Mas inchados, tais as cegueiras benzidas Em tantas areias e mais que revolvidas... Ondas e abafo a outras ondas corporais, Abraçadas por mariposas demais banais, Tentando dar nas vistas num impossível, Quanto mais aos olhos do compreensível. São meras, absurdas provas a devaneios, Passagens céleres e modestos veraneios, Longe de olhos e de confusões habituais, Camaleónicas ilusões, calmas espirituais... Tais ondas, levam e trazem, essa espuma, Águas salgadas e no esplendor da bruma, Numa refectida luz sobre manto de praia, E aquecidos corpos, sobre cálida cambraia E num esfreganço de cremes sobre corpos, Quantas vezes disfarçados nos contornos...
Em simples palavras e amarrotada folha, Escrevem-se os mais genuínos sentidos, Olhando-se o alcance, que ninguém olha, De todos, quanto sós e demais perdidos. Tentam-se objectivos, se não alcançados, Mas talvez princípios de mentes confusas E de todos aqueles que mais desgraçados, Pedindo protecção e que tão-pouco usas. São estes os básicos louvores que utilizo, Caminhando a par de tais desprotegidos, Mendigos, abandonados, que imortalizo E que, até à morte, os mais perseguidos. Eu sei, quanto meras, são estas palavras E quanto de incompreendidas tanto são, Sulcadas por arado com o qual não lavras, Mas que sentidas e brotadas do coração. Sempre que as não entendas, volta atrás, Procurando nas entrelinhas qual segredo, Talvez que encontres aquilo que não dás E que acordes desse ego de meter medo. Por entre fracas linhas, venho sacudir-te, Lembrar-te que não és o único no mundo, Dizer-te o quanto erro e que vou ouvir-te, Sempre que estou perdido e lá no fundo... Fecho o meu livro, sempre que quero paz, Busco a tal folha, mesmo que amarrotada E procuro nova escrita e naquilo que capaz, Vendo-me a teu lado e ao longo da estrada. Se são palavras que o vento e tão fácil leva, De pouco me interessa, desde que as oiças E tal feitas eco, no cume, sempre que neva E aquecido alimento nas tuas poucas loiças... Sobre tal pobre casa, à chuva da montanha, Caiem as mesmas águas que nos seduzem, Trazendo alguma esperança e fé tamanha, Às brisas e das palavras que nos conduzem. Procura-me no vento, no Sol, nestas linhas, Na água dos rios e dos mares, onde queiras E nunca te esqueças destas escritas minhas, Palavras sérias, singelas, por entre asneiras...