Ah, como adorava ser gaivota, Sobrevoar toda a costa e pipilar, Contente, na mais extensa rota E sem a menor poluição no mar! Planar longas distancias de areal, Simplesmente cobertas de areia, Gente preocupada e num ideal, De preservar, enquanto passeia. Gostava de falar, ouvir os peixes E enquanto nos restem soluções, Num pedido para que não deixes, Para trás, a razão das suas razões... Sacos, garrafas, restos que ficam E que não existiam até chegares, Sendo que pouco te glorificam, Nessa pegada, quando abalares. Ah, como gaivota, adorava ver, Num serpear, sobre areia clara, Prova de quanto e tu dizes ser... O ser civilizado e que não pára!
Não acredito em nada, nem em ninguém... A família vale o que vale E os amigos são o que são! Não havendo regra sem excepção, Todos nos tentam atropelar, Sempre que surjam oportunidades E sem nada a mais olhar, Espreitando as suas vontades E o que interessa é ir além. Assim, não há ninguém que me cale, Ou que me tente adormecer, Nestes tão olhos abertos, Por culpa de algum sofrer E tentativas de espertos... Acredito no que vejo, Menos no que alguém falar, Não valendo qualquer pejo, Quando me tentem escoicear! A mente humana é perversa, Escondendo as verdades E já não vou em conversa, Nem tão-pouco em humildades, A que só os ingénuos ficam pobres, Guardando os ricos os cobres, Que tanto nos marcham de lado, Ao modo de zé-soldado... O tempo ditará as razões, De quantos, em ilusões, Passam a vida adormecidos E a pensamentos rendidos!... Nada que o tempo não responda, Dando qual resposta certa, Como se, em mesa redonda, O estômago que nos aperta. Feliz, quem não tire a prova dos nove E que razão não encontre, Do contrário que o comove E que à porta não lhe entre... O ser humano é perverso E provem-me o controverso!
Enrolo estradas de asfalto E por entre túneis de pinheirais, Com o vento que sopra bem alto E cruzando-me com alguns pardais... Sopros sacudindo a poeira, Que agarrei por esse caminho E a quem chamo de companheira, Sempre que tanto ando sozinho. Fala-me a brisa, ao ouvido E para me manter mais desperto, Para que siga no meu sentido E sem destino de pouco certo... Campos verdes, ou que outros vejo, Em fuga e sempre a meu lado, Que vão correndo a meu desejo, Num ritmo quanto acelerado... Encontramo-nos, lá no certo fim E mesmo que não sabendo onde, Sem um atraso, espera por mim E, por tal, que nunca se esconde. Enrola-se o Sol, com o vento, Fazendo-se de acompanhantes E ouvindo um qualquer lamento, Por aventuras de viajantes. Juntam-se luar e Universo, Com a noite seguimos viagem, Correndo, no sentido inverso E por rotas de outra paisagem. Chegado o momento de parar, Vão-se sonhando outros destinos, Ainda com o motor a vibrar E em que tais planos de meninos...