Ah, como é doce este prazer, Esse teu beijar o meu cabelo E num lamber este meu rosto, Tal deslizar ao longo do corpo E sentir-te acariciar meus pés!... Essa tua frescura, a meu redor, Saída da penumbra, entre luz, Em contornos de meigo amor, Prazer onírico, que me seduz, Por meus caminhos, lés a lés, Nessa vida que teimas trazer E cores que são a meu gosto. Esteja nu, ao que não escapo E em delírio, senão pesadelo, A verdade, é que és a delícia, A tal oferta e tons de malícia... Afortunados, quem te sente, Nessa tua vinda de presente... Ah, como te deixo sentir-me, Acariciar-me, por teu deleite, Contínua luxúria a possuir-me!... Quer me oculte, ou te espreite, Sinto essas tuas gotas, tal odor, Por entre meiguice e esplendor. Deixa-me possuir-te, abraçar-te, Ser teu servo, sabendo amar-te E seguir teu Sul, ou rumo Norte, Buscar no cinzento minha sorte E bebendo tuas doces lágrimas, Dessa chuva, com que me lavas...