ESSA TUA LIBERDADE
Se é que buscas essa tua liberdade, Não te deixes levar por promessas, Sombras, brilhando, como verdade, Por vielas de um mundo às avessas...
Essas promiscuidades de tais ditos, Senhores, fazendo-se passar de tal E que não passam de uns malditos, Alcateia, carnívora e sem que igual...
Nessa tua liberdade, não te vendas, Nem engraxes botas que não cospes, Para que, um dia, não te arrependas...
Grita a fúria e com quantos pulmões, Nas armas que tiveres forma hostes... Manda para a fogueira esses ladrões!
( Manuel Nunes Francisco ©® ) ( Imagem da net ) Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.
APLAUSOS A PALHAÇOS
Sinto-me palhaço, no pior cenário, Num qualquer palco deste mundo, Vestindo fato-macaco de operário, Carregando a merda bem do fundo.
As luzes da ribalta estão apagadas, Sempre que entro em minha cena, Mas batem-se palmas desgarradas, Logo que entra quem tanto acena...
É o palhaço rico, vestido de pobre, Na minha pobreza, vestido de rico E minha boca aberta, com que fico...
Não existe aplauso que não sobre, Para a dita obra, que não escreveu, Feita esquecida e que logo morreu.
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PENSAMENTOS AO MUNDO
Sentei-me, repensando neste Mundo, À perplexidade do que via e não via, Com milhões de anos a irem ao fundo E o estômago contraído numa agonia.
Mirei a terra e debaixo dos meus pés, Observei na lonjura e quanto o podia, Percorri a Terra, doente e de lés a lés, Com toda essa gente, que tanto sofria.
Elevei os olhos pelos céus e estremeci, Na imensidão das nuvens, tão escuras, Como tais noites, a que não adormeci...
Como tal gente, que nunca escarneci, Ventres encolhidos, de peles maduras E demais as vezes em que as esqueci...
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ESCRAVOS DA LIBERDADE
Que transportas, tu e às costas, Serão rosas, ou serão os cravos?... Tu, que apregoas o que gostas E que fazes parte dos escravos!
Cravos, vermelhos e liberdade E, talvez, que numa tal ilusão, Vivendo, dia-a-dia, a ansiedade E o rumo de tamanha frustração.
Fomos, somos e continuaremos, Sendo sangue e demais bebido, Naquilo que nunca conseguimos...
Seremos o rumo de uma utopia, Num caminho ditado e perdido E que, um dia, alguém prometia!
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MINHAS CINZAS Serei as cinzas, que se tornarão acendalhas, Ateando quantas fornalhas E que te queimarão, nas maiores chamas, Nessa maldade e por aqueles que tramas.
Serei cinzas, atiradas ao mar, Às águas em que irás navegar, Depois da minha passagem, Desta, para a outra margem...
Serei teu travesseiro, à noite, Em quantos dos teus pensamentos, Em confissão de alguns tormentos...
Serei telha, de casa que te acoite, Lençol e manta, um teu agasalho, Pão na mesa, feita do melhor carvalho.
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INFORTÚNIOS
A vida, serão três tiros: Um, de quem nos mata, Outro, pelo que se morre, Mais o disparado no escuro E demais não me ocorre!... O resto, são meros suspiros, Que qualquer anda à cata, Neste mundo sem futuro, Por devaneios da vida E sorte mais merecida. A vida, é o Sol no obscuro, Não mais que pé descalço E por trilhos do percalço, Marrada de corno duro, Pedra caída no charco, Rombo feito num barco, Navegante sem embarco, Ou criança pedindo colo, Linha recta, sobre o solo, Ou dobrada e feita arco… A vida, é o tanto desejado, Alucinação dos desgraçados, Quantas vezes apedrejados E por rumo não meditado… E se os genitores meditassem, Repensavam nos que nascem! Entre a razão e os vaticínios, Dobram-se os sinos da aldeia E sem ninguém fazendo ideia, Qual a razão dos infortúnios…
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LOUCA E TAL GATA
Louca, esta gata, que não me larga, Olhos feitos em mim e com ternura, Em tanto carinho, que em si carrega, Minutos, horas, tempo que perdura...
Olhos verdes, em dita cor de traição, Mas que seduzem, tal olhar de amor, Quando me procuram, à minha mão E se deixa acariciar, no menor pudor...
Macio, esse seu corpo, quanto baste, Que busca, o qual desejo, tão doida E porventura de que não me afaste.
Minha gata louca, nalgum ronronar, Que te arrastas, por quem te cuida, Deixas-me preso, num teu procurar...
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ESTE POVO À BEIRA-MAR
Meu povo, que te renegas ao nome, Em quanto teu orgulho por lusitano, Na incerteza, que tanto te consome E por quais que te chupam o tutano.
Povo e mendigando, em triste fado, Sustentando corruptos, dia após dia, Amarrados, como bois, ao seu arado E lubridiados por quantos tais confia.
Feitos escravos e na maior cegueira, Por espertos, traficantes de mentira, Colhendo ventos da sua sementeira...
Talvez que semente de boa colheita, Mas que por malvadas terras se atira E que nada sendo, que obra desfeita.
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TAIS MAGNÍFICAS
Tais e magníficas, que são, Estas frondosas e capitais, Que nos enchem o coração E suas filhas, belas demais.
Cada qual no seu cantinho, Por estradas abandonadas, Neste jardim e tão sozinho, Pobres e quão degradadas...
E prisioneiras dum reles pai E de uma família tão servil, Ai, de quem soar menor ai!...
Magnificentes e frondosas, Mas empurradas pro covil... Anunciadas de tão airosas!
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ESTA FOGUEIRA
Esta fogueira arde de dentro, Ao contrário de tantas outras, Esse fogo, que vem do centro, Aquecendo gargantas roucas.
Sinto, que tal tamanho ardor, Me queima, corrói entranhas E criando-me um qual rancor, Nas tuas tão reles patranhas...
Lume, que arde e sem se ver, Chama acesa, em quanto dia, Seguidas noites e num sofrer.
É um arder na maior revolta, Ao que prometes e feito azia, Neste ódio, que a alma solta...
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