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SEQUÊNCIAS

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SEQUÊNCIAS

 

O corpo dá de comer ao chão...
Essa terra, que alimenta a raiz
E, esta, dando comida ao tronco,
Enquanto alimenta os ramos,
Que, um dia, nos darão calor,
Por muitas chamas de amor
E tudo o que respeito lhe diz;
Eis-me a pensar nesta evolução,
Em quanto se recebe de troco
E sem que nos apercebamos...
Este Universo, que nos dá tudo,
No pouco, ou nada, que damos,
Impertinente ser, surdo e mudo,
Num desenvolvimento de danos...
Oferece-nos o pó de que nascemos,
Limpa-nos os ossos, quando partimos,
Comendo a carne que oferecemos,
Aquando nos despedimos,
... Processo, este e tão evolutivo,
Desde essa nata hora e decisivo.
De filhos pródigos, que somos,
À terra mãe regressamos...
Nascemos, crescemos, neste andar,
Amamos, sorrimos e sofremos,
Nas guerras, em que vivemos,
Em quantas ganâncias construídas
E riquezas, tão mal distribuídas,
Lutas, na maioria, sem proveito,
Neste nosso estúpido conceito
E até que a hora chegar...

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
Todos os Direitos de Autor reservados e protegidos nos termos da Lei 50/2004, de 24 de Agosto - Código do Autor. O autor autoriza a partilha deste texto e/ou excertos do mesmo, assim como a imagem inédita, se existente, desde que mantidos nos seus formatos originais e obrigatoriamente mencionada a autoria da obra intelectual.

IMPREVISTOS

Imprevistos.jpg

IMPREVISTOS



Imprevistos, são inconsciências da vida,
Nunca parecendo o que são,
Chagas latentes, aberta ferida,
Adagas espetadas no coração.



São ratoeiras, manhosas, a cada esquina
E sempre à espreita de oportunidade,
Servindo-se da conversa mais fina,
Para que se faça a sua vontade.



Imprevistos, são venenos perfeitos,
Destruidores das melhores causas
E alheios de preconceitos.



São ácidos, altamente corrosivos,
Que voam melhor que asas
E de dentes bem incisivos.

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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MUDANÇA DOS TEMPOS

Mudança dos tempos.jpg

MUDANÇA DOS TEMPOS

 

Ao pensares que chegou o Verão,
Que não te esqueças do Inverno,
Dos maus tempos que ainda virão
E que tanto nos serão um inferno.

 

Quando as andorinhas chegarem,
Na esperança que nos trouxerem,
Que hajam crianças pra sorrirem,
À paz de quantos por cá ficarem...

 

E ao vermos tanto este céu azul,
Vamos esquecendo o algum frio,
Nesses ventos, correndo para Sul...

 

Tempestades e que se mostram,
Nas nuvens, a quais nunca sorrio
E que, no passar, tal engrossam.

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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ONDAS QUE BATEM

Ondas que batem II.jpeg

ONDAS QUE BATEM

 

Batem as ondas, encontro ao cais,
Trazendo restos e sei lá que mais,
Levam-me os sonhos, pela noite,
Como vergastadas e qual açoite.

 

Batem e dançam, essas desalmadas
E sem qualquer pena, tais danadas,
Sacrificando tal pobre embarcação,
Por esta quanta força de arribação!...

 

São ondas... que levam e trazem,
Sacudindo quanto em seu redor
E seja qual a minha, ou a tua dor!...

 

Ondas e embalar de marinheiro,
Olhando no céu, pelo dia inteiro
E escutando águas, ao que dizem...

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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TOIRADAS À PORTUGUESA

Toiradas à portuguesa.jpg

TOIRADAS À PORTUGUESA

 

Vou dedicar-me à tourada
E tourear, mano a mano...
Por detrás, virão as bestas,
Ao contrário de outra pega.
O massacrado serei eu,
Pelo campo da arena,
Nesta ideia que me deu,
Numa bebedeira serena
E seguidas horas de pandega...
Bem distintas, estas festas,
Feitas de garraiada,
Com sangue, limpo ao pano,
Expelido deste meu ser,
A cornadas de tais toiros,
Misturadas com os coiros,
Que se revezam com prazer...
E sou eu, o toureado,
Filho do povo e desgraçado,
Cheio de farpas no lombo,
Sem saber pra que lado tombo...
Tais bois, filhos de vacas,
Negoceiam essas farpas,
Que me enterram no corpo,
Já embrulhado num trapo!
São tradições, que vêm de longe
E das quais ninguém lhes foge...

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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ÁGUAS DESSE RIACHO

Águas desse riacho.jpg

ÁGUAS DESSE RIACHO

 

Na plenitude do espaço e planície,
Oiço o deslizar vagaroso das águas...
Um riacho que peço que me acaricie
E que leve pra longe estas mágoas.

 

Deslumbro o seu lençol cristalino
E cintilante, tal calmaria de vida,
Numas margens de leito tão fino,
Pois que já anda pela despedida...

 

Mas alerta-me para os sentidos,
Da causa e do andar, neste viver,
Talvez por leitos mais merecidos.

 

Por mais uma vez, abro a janela
E debruço-me o que mais puder,
Ouvindo tal melodia e tão bela...

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
( francisfotoProfimagens ©® )

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ESTE MEU SONHO

Este meu sonho III.jpg

ESTE MEU SONHO

 

Eu tenho um sonho... de muitos sonhos!...
Que os animais nos venham comer à mão,
Sem medos, ou quaisquer restrições,
Que não existam homens, ou mulheres,
Mas e simplesmente, seres humanos...
E que deixem de existir pretos e brancos,
À existência de pretos, brancos, mestiços...
E não exista farinha da mesma moagem,
Socialismos, ou pensamentos de direita,
Nem tampouco exaltações de esquerda,
Em que cada os seus interesses espreita
E rebolando-se por semelhante merda,
Mas e por direito, unicamente direitos!...
Que deixe de haver pessoas com fome,
Que cada criança sonhe e se sinta feliz,
Sem medo às sinceras palavras que diz,
Ou, na sua inocência, enquanto dorme
E enroscada no seu quente e conforto,
Num direito a nascer e não ao aborto
E brinquem, dancem, pulem, como aves,
Sem nunca perceber o que são chaves...
Que se destruam quantas as armas
E se construam os melhores hospitais,
Escolas, centros de idosos e tanto mais...
Dobre-se as mangas até aos cotovelos!
Que se deixem de proferir só palavras,
Promessas, por discursos de embalar
E se deitem mãos a necessárias acções...
Que dês o que mais souberes e puderes,
Em imparcial e terna compreensão,
Escrevendo, pela história, os feitos
E apagando os até agora defeitos,
Ou que demais sejam contrafeitos...
Que esperança sejam quantos pesadelos!
Tenho todos estes sonhos e mais ilusões,
Sentindo-me livre e no direito de sonhar,
Nestas minhas, talvez líricas, simulações,
Ao tempo e enquanto por cá andar...
E tu, será que tens a mesma coragem,
Ou nasceste só com o intuito de chatear?
... Caso existas somente para perturbar,
Confesso chegada a hora de te acordar!...
Parte, leva contigo a frieza e arrogância,
A tua culpa deste mundo, tal indecência...

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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QUANTAS VIAS E DESTINOS

Quantas vias e destinos.jpg

QUANTAS VIAS E DESTINOS

 

Fui auto-estrada e esperança,
Estrada de decididas vontades,
Parque de quanta lembrança,
Caminho de muitas saudades,
Trilho de muitos trambolhões,
Qual via de maiores confusões,
Ponte para diversas margens,
Carro de desastres medonhos,
Cacilheiro de perdidas viagens
Avião de alguns belos sonhos,
Escada de algumas escaladas,
Pedestre de vidas animadas...
Sonhei, um dia, ser a avenida,
O desembocar de célebre rua,
Mas fiquei-me pelas travessas
E penumbra da luz, nua e crua,
Com a vida sempre às avessas
E imperfeita missão cumprida...
Então, pensei ser uma rotunda,
Mas perdi-me em tantas voltas,
Pela confusão de andar à roda
E sem rumo certo a que deva ir,
Demasiadas voltas e sem partir,
Como se preso a alguma corda
E dessa qual não mais te soltas...
Andas em redor e nunca largas,
Nesse círculo, de vidas amargas,
Numa análise e tanto profunda,
Sem se tomar qualquer decisão,
Prisioneiro de sinistra confusão.
Farto de ser o beco e sem saída,
Solto tal já pouca alma erguida,
Num passeio de meus passeios...
Esses sim, são os meus anseios!
Todos me calcam pela calçada,
... Vidas e qual a mais cansada!
Sou burro, com carroça, a fugir,
Cavalo manco e numa corrida,
Gaivota sobre o mar e ferida,
Campo de trigo bem doirado,
Vermelho de papoilas a florir,
Linho, pisado, pra ser dobado,
Mero pássaro em debandada,
Nascente correndo para o rio,
Turva água alcançando o mar,
Palhaço de circo e que não rio,
Chuva caída num qual deserto,
Amigo longínquo e aqui perto,
Arma, que se recusa a disparar,
Em dia que se nega a acordar...
Sou tudo isto e não mais nada
E já sem tempo para alcançar...

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
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RECOLHA DE LIXO

Recolha de lixo III.jpg

RECOLHA DE LIXO

 

Esta madrugada, vou trabalhar no lixo,
Pegar num camião e pôr-me à estrada,
Varrendo quanta escumalha encontrar,
Horas e horas, seguidas, sempre a eito,
Mesmo que cansado e me doa o peito
E, quantos mais encontrar, irei convidar,
Para que me ajudem, por esta jornada,
Por becos, cantos, em nada ao desleixo...
Há que limpar os restos de certo vento,
Palavras e escritas, à solta, do convento,
Que descambaram na rua, profetizadas,
Num óptimo tom e melhor temperadas,
Cheias de promessas e inúteis intenções,
Pois que nada mais de que tal passaram,
Pelo que conhecemos, nas piores razões,
Mas que para o engodo nos convidaram...
Irei varrer as escadas, para não tropeçar,
Na merda, de quem, no decorrer, entrar,
Mesmo não importando ao que vai fazer,
Pois que, de fora fica, quem se irá foder...
Finda a jorna, irei despejá-los no aterro,
A única terra que os recebe por enterro!

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
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MEDO DOS POETAS

Medo dos poetas.jpg

MEDO DOS POETAS

 

Alguém, um dia, terá afirmado:
A morte tem medo dos poetas!
... Não foram palavras patetas,
Mas de quem bem informado!

 

A morte, está só de passagem,
Transportando o bem material,
Deixando, ao mundo, o divinal,
Que não faz parte da bagagem.

 

O poeta, é tal poeira semeada
E pelos quatro ventos lançada,
Em mágica luz de tantas trevas...

 

É revolução, quebra do poder,
Liberdade e a que bem houver
E a quantos sonhos te atrevas...

 

( Manuel Nunes Francisco ©® )
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