Há tantos dias de merda, Que até a merda é fecundada, Escorrendo por qualquer borda E a ela ficando agarrada. São demais os dias assim E em que nos borram as botas, Pessoas que olham para mim E às quais volto as costas. Talvez por tanta merda serem E limpando o rabo aos dedos, Que nenhuma atenção merecem E os remeto aos seus segredos... Mas pensam-se senhores de tudo, Até da merda que transportam, No corpo, ou na cabeça de entrudo, Sua imagem e que tanto gostam. No cérebro, resta-lhes forrica E da pouca massa cinzenta, Sendo a impressão que fica, Em tal conversa que lhes assenta... Merda e só merda, simplesmente, Andando por este mundo fora, Que não há paciência que aguente, Ver tanta merda e a toda a hora!... Que não se dê mais corda ao relógio, Para que as horas, a demais fartos, Parem e deixem de ser elogio, A quem nunca nos foram gratos... É merda que vai escorregando, De mansinho e tão suave, Que nem conta nos vamos dando O quanto tamanho da ave... Cagadelas e sendo aparadas, Por quem ande cá por baixo... São palavras bem cagadas E apanhadas no relaxo. São só merda, nos seus discursos, Enquanto prometem ao povo, Bramem merdas, feitos ursos E pouco dizendo de novo. Coloquei algodão nos ouvidos, Um capacete na cabeça E, embora de braços escorridos, Não quero, a estátua, ser tal peça... Caguem-se todos, mas não me borrem E, tanto que estou bem protegido, De quantas cagadelas que sobrem, Jamais serei atingido!...