MUDAM-SE OS TEMPOS
MUDAM-SE OS TEMPOS
Mudam-se os tempos e as vontades:
Camões, deixará de o ser, quem sabe!...
Bocage, terá sido um mero desbocado,
Possivelmente um servidor de Satanás!...
Fernando Pessoa, esse mestre e a obra,
Passará, findos tantos idolatrados anos,
A enfrentar qual acusação de pedofilia...
Tais os ridículos exames que lhes fazem!
... E enquanto os invejosos não reagem!
Por estes caminhos e tão fraca cortesia,
Sobrevivem fulanos, sicranos e beltranos,
Mergulhando em piscinas de sacanice,
Rodeados de águas turvas e imundice,
Cujos, neste país, são o que mais sobra...
Doa-se o pódio a tão protegido Barrabás,
Escorraçando um qualquer mais acossado,
Porque a tal e no tempo, já nada cabe,
Por hipócrita gente e nascentes vermes!
Ah, mas se fossem só tais os perseguidos!...
Serão quantos mais, os demais vencidos,
Ao obscurantismo e silêncio, vendidos,
Que, aos tempos e por mal-agradecidos,
Substituídos serão, em irrisórias estátuas,
Nomes, em placas, pelas ruas de alcatrão
E que, quando questionarem, quem são,
Ninguém saberá, senão passadas águas!...
Por estes dias, são cobardes manifestos,
À luz de quantos idiotas e malformados,
De grupos mesquinhos e tanto nefastos,
Pensamentos travessos e infundados,
Por quantos doutores, seres iluminados
E de candeias às avessas aos aclamados!...
Pois, que se abram as portas de Olimpo,
Se oiçam trompetes e cítaras, em poesia
E que todos os mestres sejam a melodia,
Águas correntes e cristalinas, leito limpo,
Deslisando para o mar, por entre montes
E que censuradas obras sejam mil fontes!...
Que Camões, Bocage, Pessoa e os outros,
Sejam a imaculada sombra de uns loucos!
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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