CONFIDÊNCIA...
CONFIDÊNCIA...
Sei que é meu problema
E ninguém a ver com tal,
Mas declaro o meu dilema,
Que, mesmo sendo banal,
É um alívio, se o confessar:
Ando com duas e a montar!...
A primeira, é soberba italiana
E a segunda, delírio do Japão!
... Que fazer, se uma é mundana
E a outra me desfaz o coração?...
Monto-as, sempre à vez,
Esquecendo os seus ciúmes,
Se perguntam o que a outra fez
E se ficam de azedumes.
São belas, loucas e irrequietas,
Pulsantes, quanto basta,
Fazendo coisas patetas,
Aquilo que não me afasta...
Uma, é negra, cor de azeitona,
A outra, cores claras, brilhantes
E muito mais rezingona,
Uma, da outra, tão distantes,
Que me causam confusão,
Nesta tamanha paixão!...
Ando com uma e com outra,
Consoante me dá jeito,
Mas com ambas no meu peito...
Se as visse numa montra,
Confesso, seria impossível
Escolher o inadmissível!...
São formosura, o delírio,
Talvez que o meu martírio,
Parte da minha loucura
E que há muito tempo dura,
Mas são a minha absolvição,
O meu prazer, a minha perdição!...
São amores inexplicáveis
E que só alguns compreendem,
Mútua sedução, jogos incontroláveis
E ao que amantes se rendem!
... Frescura, vento afagando o rosto,
Liberdade, nascer-do-sol e sol-posto,
Adrenalina, sangue quente nas veias,
Acelerar da pulsação,
Aumento de respiração
E quantas vezes apneias...
É vida, buscando a morte,
Correndo em horas de sorte!
... É este o poder das motas,
Que não entendem as almas mortas!
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( francisfotoPROfimagens )
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