VESTIDOS DE NEGRO
VESTIDOS DE NEGRO
Andam e sós, como corvos,
Sofrendo de algum prenúncio,
Pobres seres e à sua sorte,
Presos nesse tom da morte...
Aguardam, sem cangalheiros,
Olhando por todo o lado,
Agarrando, mero desgraçado,
Ao que mais estiver à mão...
Não há recusas, mas desilusão,
Por planícies, ou por outeiros.
Rijos, com o correr do tempo,
Vasculhando qualquer campo,
Nas desgraças de um anúncio...
Há que escutar o que dizem,
Observar, na nossa ignorância
E não o que outros profetizem,
Por meiga que seja a arrogância...
Vestem o negro e seu manto,
Terrível imagem de fome,
Por tal mundo em degredo,
Mantido no maior segredo,
Nos silêncios de quem dorme
E de cabeças em espanto...
Vestidos da noite, na sombra
E na angústia que lhes é sobra,
Caminham, direcção ao fosso,
Tantas almas penadas,
Que e de si, já só têm osso...
Prantos, olhares e vozes profundas!
... Corvos da noite, negras crianças,
Perdidas por entre brancas,
Misturadas com outras tantas,
Que morrem às nossas crenças...
Do alto, olham os abutres,
Prontos a atacar, em embustes!
( Manuel Nunes Francisco ©® )
( Imagem da net )
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