Fátima, tão profética e doentia ilusão, Assédio do absurdo e do maquiavélico, De todos os embustes, o mais patético, A galinha dos ovos de oiro, essa mina De tantos os espertos e do real engano, Tríade dos impostores e exploradores, Dos idiotas e cegos, por cumplicidade... Virgem, mãe do Redentor, o enviado, Ou talvez a filha de Maomé, o profeta, Agora escrava à vontade do Vaticano, Nada mais tens que esta tua indecência À hipocrisia de quantos e tanto te oram... Aos teus quatro caminhos, o apalermado Leva, no corpo, o masoquismo das dores, Pois é essa e a única, a profética virtude E, sem sombra de dúvida, a mais concreta Dessa que é a sua estúpida e inculta sina. ... E sem a protecção da tua falsa profecia, Sendo tudo fruto de uma mente doentia, Serão alguns, dos teus fanáticos acólitos, Aqueles que ficam pelas bermas, mortos, Por tua culpa, sem a aclamada protecção, Pois que a verdade é a tua inexistência, Na criatividade de quantos te exploram...
Pobre Cristo, naquilo que a crença te faz... Seja por esse dia, tal momento de partida E caminho, na direcção à Terra Prometida, Ou tua impossível, imaginária ressurreição Naqueles que mais te choram em adoração E se o teu natal é sempre e no mesmo dia, A tua morte, de tão e mais que estranho, Numa tão irónica e sem explicação capaz, Anda para a frente e para trás, manobrada Ao proveito daqueles que de ti se servem E nos enganam, numa estúpida confusão Àquele teu sacrifício, sem menor perdão... Como tudo isto é sacrilégio, real cobardia, Certa e maliciosa falsidade... a mascarada! ... Como é possível tamanha perversidade, Toda esta luxúria, em toda esta futilidade, Destes teus devotos, mas falsos seguidores, Que não passam de hipócritas e impostores E que, se fortunas ostentam, a ti as devem!? Pobre Cristo, que se teu amor foi tamanho, Pior foi a paga que no teu tempo te deram E neste futuro muito menos te mereceram...
Eram três, mas não três da matina... Eram três, sentados a qualquer mesa, Numa esplanada de qualquer cidade, Como se buscando qualquer verdade; Duas mulheres, outro do sexo oposto, Cada qual em sua variada maluqueira, Na sua presumida ideia e pressuposto, Em que tudo era individual e uníssono, Cada qual por si e aberto jogo à defesa... Não sendo noite, embora final da tarde, Com duas taças de tinto e um das cinco, Uns papéis por assinar, a ocupar espaço, Eis que tudo se resolve e assim me fico Num acompanhar de algumas entradas, Nalgum bem servir e galantes palavras, Cada qual entregue na sua ambiguidade. Eram três, numa construtiva cavaqueira, Falsa liberdade e tementes ao seu dono, Sempre olhando ao redor e em surdina... Eram três, tanto ao chegar, como ao partir ... E se de início ninguém sabia o que pedir, No final foram três... para cada, um abraço.
O momento, é simplesmente este, Perdido no saber de qualquer Norte, Nem tampouco definido Oeste; O momento, é esta vida que me deste... Não interessa se é muita, ou pouca sorte, Nalgum desabafo, mesmo que forte... O que interessa, é este momento, Em alegria, ou num lamento... O momento, é o caminho que escolhemos, Mesmo que por agrestes rochas da montanha, É o alimentar de qualquer façanha, Nos variados trilhos em que nos aventurámos... O momento, é a chegada e partida do tempo, O questionar do que melhor nos resta Naquilo que nunca tivemos coragem; É o derradeiro espreitar na fresta, Impelidos na nossa malandragem, O escapulir à lamina e ao cepo... O momento, é tão simplesmente o momento... O reflexo da liberdade... a chave do encarceramento!