Se és o que dizes ser, esse amigo, Procura-me no meu sofrimento, Na pior das noites, malogrados dias; Não me esqueças, vem ter comigo Sempre que ande perdido Por obscuros becos deste mundo, Mergulhado em dissabores, agonias E não só no melhor momento... Vem ao meu encontro, desinibido, No perceber deste animal ferido E não só quando precisas de mim!... Nesses momentos, tenho tantos, assim! ... Muitos amigos que se oferecem, Em promessas que adormecem, Mas que nos precisos momentos Se escapam por outros caminhos, Circundando os nossos problemas, Como chacais, verdadeiras hienas!... Se és meu amigo, dá-me essa tua mão Sempre e que mais precise de ti, Como amigo, nunca por compaixão E muito menos quando já parti...
Povos de todo o mundo... unam-se! Esqueçam preconceitos, libertem-se! ... Não importa a tua pele, essa tua cor, Seja branca, preta, amarela, vermelha... Qualquer lei, imposta no melhor papel. Por mais e outra que seja a vossa crença, Sintam-se unidos, nessa vossa diferença; Percebam que são filhos deste Universo, Único e sem possível opção, ou reverso, Tanto que somos irmãos por natureza... Essa é toda a única e praticável certeza. Teu corpo é escultura do mesmo cinzel, Obra magnânima e do melhor escultor, Construção coberta da mais linda telha, Linhas traçadas pelo melhor arquitecto E firme chão, debaixo do mesmo tecto, Mesmo no perverso e esquecido amor E tantas vezes escondido no teu pudor. ... Liberta-te, assim, dessa tua confusão, Sendo o que de facto és... MEU IRMÃO!
Esta noite, gostaria de ser livre... Gostaria tanto de falar ao vento, De estar, simplesmente, contigo, Cabelos sacudidos, junto ao mar, Ser teu amante e singelo amigo; Olhar à volta, um tanto ciumento, Nalgum passeio junto à marginal, Dar-me num expoente madrigal, Sendo-te asas de gaivota e planar, Mergulhar no reboliço das ondas, Olhando as estradas do celestial... Esta noite e ondas seleccionadas, Ouviria rádio, ao longo da estrada, Na maior e desenfreada potência, Numa loucura de tal e mais nada... Sem rodeios e mesmo inocência, Iríamos por caminhos sem igual. Esta noite, gostaria de ser livre...
Tenho saudades, das saudades que nunca tive... Ai, saudades dos melhores momentos da vida! Saudades de tudo o que fiz e que tanto não fiz, Mesmo saudades de tudo o que já nada me diz. Tenho saudades dos velhos tempos de criança, Saudades em que tudo e nada fazia a diferença, Saudades em que tudo era certo na melancolia, Naquilo em que tudo é agora de maior agonia. Tenho saudades de algum e tão efémero futuro, Nalguma esperança, de bons ventos de sussurro Que me alimentem novas forças, que me altive. Tenho saudades de toda e qualquer despedida, Até dos piores momentos, da vida desperdiçada, Saudades de tudo, mas sem saudades de nada...