No dia em que morrer, Não quero que chorem por mim, Não quero telefonemas, Ninguém precisa saber, Farei parte de um passado, Tão simplesmente assim. Não me levem flores, Que só uma é meu desejo, Mas muito mais meu segredo... Nem tão-pouco quero um beijo! Não quero intrigas, disputas, Muito menos falsas dores... A vida é uma passagem, Ilusão, uma miragem, Estamos só de viagem, Esperando, deste lado, Acesso à outra margem... É este o meu recado.
Ser poeta, é muito mais que escrever... Ser poeta, é ser tudo, mesmo não sendo nada. É ser crítico, sonhador, andar muito à frente, É parar em qualquer lugar, de pé e pensar... Sentar-se em abandonado banco e chorar. Na existência que nada existe, olhar à volta E, na diferença, sentir a náusea, a tal revolta, Mesmo que ninguém entenda o seu lamento... Porém, alguém se lembrará daquele momento. Ser poeta, é ser sublime com toda a gente, Ter o coração de um Ary, ser humilde, puro, Em poema que escreve ser punho da facada, Ser forte de pensamento e nas palavras duro... Ser poeta, é partir... mas voltar a renascer.
Conhecendo hoje o que sei, Regressando à adolescência, Seria ministro do mundo, Presidente do Universo, Num sentimento profundo, Clarividente paciência, Obra ilustre de verso... Seria Sócrates, Homero, Platão, Aristóteles, Eduardo Lourenço, João de Deus, Agostinho da Silva, Bocage, Camilo, outro Camões, Quem sabe, um Fernando Pessoa, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Ou mesmo Alexandre Herculano, Qualquer outro mais mundano, Todos demais que me esquece, E que deles me convenço, ... Sonho perfeito, ídolo de diva, Energia que permanece, Na paz de quem adormece. Queria ser alma que aquece, Canto lírico, celestial, Nome bordado a ouro Em livro de madrigal, Grito de voz que me doa, Garras de qualquer fera, Imagem macabra, quimera, Investida cornada de touro Num palácio de charlatões. Daria tudo o que não dei... Socos em alguns cabrões, À mistura de palavrões!
Um povo nunca deverá ser condenado pelas atrocidades de um seu líder, mas deverá ser responsável pelo seu adormecimento, pois que deixará livre a criação e imaginação desse mesmo líder... ( Manuel Nunes Francisco )
Todos nós, num determinado espaço e momento, pensamos, logo existimos; noutros momentos do espaço, somos o oposto e não pensamos... Existe um espaço e um momento de loucura e é nesse momento que vivemos o sentido da vida... Pensem nisto!
Seremos sempre pássaros de asas cortadas, Esvoaçando aos ventos de outras paradas, Chilreando a amordaçada palavra, que se perde, Vaticínio de abutres, em nome de igualdade... Mas gostava de ter asas, ser coruja, sair à noite, Desmembrar ratazanas ao sair do seu buraco, Ser águia, comer os fortes, nunca o mais fraco, Fazer-me de vítima, vestido de negro, ser corvo, Enganar todos, não os pobres,... pura maldade! Engordar à mesa de qual usurário, saciar a sede, Como vampiro voando pela calada, noite fora, Esfarrapar as entranhas de quem merece a morte E tomar banho no seu sangue, a qualquer hora, Sem dó, piedade, isento de qualquer estorvo...